segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Conde de Abranhos

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Quantas vezes me disse o Conde ser este o segredo das Democracias Constitucionais: «Eu, que sou governo, fraco mas hábil, dou aparentemente a soberania ao povo, que é forte e simples. Mas, como a falta de educação o mantém na imbecilidade, e o adormecimento da consciência o amolece na indiferença, faço-o exercer essa soberania em meu proveito… E quanto ao seu proveito… adeus, ó compadre!
            Ponho-lhe na mão uma espada; e ele, baboso, diz: eu sou a Força! Coloco-lhe no regaço uma bolsa, e ele, inchado, afirma: eu sou a fazenda! Ponho-lhe diante do nariz um livro, e ele exclama, de papo: eu sou a Lei! Idiota! Não vê que por trás dele, sou eu, astuto manejador de títeres, quem move os cordéis que prendem a Espada, a Bolsa e o Livro!»
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Eça de Queirós (José Maria Eça de Queirós)
Póvoa de Varzim, 25/11/1845 - Paris, 16/08/1900
Figura cimeira do romance português, também contista e cronista notável.
O fragmento acima é de "O Conde de Abranhos" - 1925 (póstumo)

2 comentários:

  1. Agora fiquei com vontade de reler este livro. :)

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  2. Não é que o tipo morreu em 1900 - nem entra no Séc. XX - e já sabia tudo; e ainda temos um parlamento com centenas de "malotinhas" para descobrir todos os dias as mesmas coisas, usar os mesmos truques, falar de nada, todos importantes - UMA TRAGÉDIA!
    Volta a ler Luciano; depois destes últimos anos que todos vivemos, vais ver que te ris muito mais - uma tragédia!

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