quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pão da Orfandade




Este cartão da Obra Social do Padre David de Oliveira Martins, suscitou-me assim que o vi a curiosidade e o olhar que se tem para as coisas antigas. Vi a data - 1971,  senti algum desfasamento entre a sensação inicial de antiguidade  e aquela data que me estou a ver a escrever no canto superior esquerdo do caderno da escola. Olhei longamente o cartão, frente e verso, digitalizei os dois lados e voltei a olhar agora no monitor. Se calhar eu é que sou mais velho do que a ideia que tenho de mim.
Continuo a achar piada àquela frase “Só um cadáver recusará …” mas quanto mais penso neste cartão, que serviu a alguém de marcador no “Candelabro Sagrado” do Stefan Zweig, mais me distancio da primeira impressão que me causou.
Aqui o reproduzo, tal como é, frente e verso. Se olharem para ele só uma vez, vão provavelmente ficar com uma impressão parecida com a que me assaltou de início. Se olharem melhor, podem ficar com uma ideia diferente, ou com as duas, ou … Quem sabe?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Maria da Saudade

Maria da Saudade era prima da minha mãe. O nome dela nunca me deixou indiferente causando-me até alguma estranheza.
Não a conheci bem; viveu a infância no Brasil, a juventude em Lisboa e a idade madura em Freamunde, minha terra e terra de seus pais, Zeca Teles e Lina Moura.
Maria da Saudade já não está entre nós, a minha mãe também não, Partiram ambas muito cedo.
Quando perdi a minha mãe perdi também a capacidade de fotografar e de escrever. Assim fiquei por alguns anos pelo que fiz um grande buraco nos meus registos e na minha alma. Aos poucos e poucos estou a reconstruir-me. Já fotografo animais, muitas plantas, a terra onde nasci vista de longe, já escrevo pequenos textos, apontamentos e memórias, mas a focagem ainda é pouco nítida e os temas pouco diversificados.
Esta fotografia de Maria da Saudade, descobri-a há pouco tempo enquanto arrumava coisas do meu avô materno, seu tio. É uma fotografia de uma menina feliz, orgulhosa do seu vestido novo. Deu-me vontade de reconstruir o álbum de família e de escrever alguma coisa.


terça-feira, 19 de abril de 2011

Abraço


     Escultura do Zé Lorinda, em pedra, com cerca de 17 cm de altura.
     A memória diz-me que a comprei em 1993 mas não tenho a certeza. Talvez uma busca no meu arquivo fotográfico venha a ajudar. O autor, o Zé, com quem não estou há muito tempo, também poderá dar uma ajuda. Lembro-me do valor que paguei e que o fiz em prestações.

Para ver mais imagens ir a  Galeria

sábado, 16 de abril de 2011

Balada da fiandeira

A fiandeira foi substituída por uma máquina que andava para trás e para a frente a uma velocidade muito certinha, dava nós firmes e não cantava.
Essa máquina foi substituída por importações e agora é mais "reutilização". Também não se usa tantas peças de roupa!
A fiandeira da canção está nos 50, roliça, sonha ter a casa paga o que só acontecerá em 2035, ou que o marido feneça num daqueles tombos de mota com os copos, ainda canta coisas dos tempos antes de ter comprado a casa e já não sonha ser cantora.
Tem subsídio de desemprego por mais três meses.
Quem sonha cantar são as duas filhas todas tatuadas com o liceu feito nas novas oportunidades e que não lhe saem de casa, as matronas!
O antigo patrão ainda lhe olha para os joelhos mas nem subsídio de desemprego tem.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Do arco da velha 2



Andrea Radio Corp.             
United States of America
Year: 1938
Model: 12-E-6 PE66L
Tuned circuits: 6 AM circuits
Valves: 6
Principle - Super-Heterodyne
Wave bands - Broadcast and
                      Short Waves (SW)


Este rádio, uma das minhas relíquias,
está na família desde sempre.
A sede de notícias sobre a guerra, foi com certeza um dos principais motivos para a sua aquisição.




terça-feira, 12 de abril de 2011

ZX Spectrum


 À procura de uns diapositivos, dei de caras com o meu ZX Spectrum arrumadinho na sua caixa original. Tirei-o para fora com cuidado, soprei o pó e experimentei o toque das teclazinhas , há quanto tempo! Mal me lembrava como era estranho aquele teclado com as “keywords” do BASIC escritas por extenso. Vieram-me à memória palavras, primeiro sem muito sentido e depois à custa de as repetir, o conceito de ciclos e de condições, FOR TO, IF THEN ELSE… por uns minutos fiquei a programar em linhas curtas numeradas de 10 em 10, coisa nenhuma. Recordei o LOCATE, o INPUT… THEN PRINT…, rotinas e sub rotinas, dimensionei arrays com DIM e logo percorri o rol de letras que representavam as variáveis, K, L, M – as minhas preferidas.

Gloriosos tempos quando consegui que a televisão deixasse de ter só os dois canais!
Boa linguagem, esse BASIC; limitada, como tudo, mas muito universal e muito integradora para Homem e máquinas. Na linguagem que hoje corre, apetece-me chamar-lhe inclusiva – longe da máquina, perto do Homem, uma linguagem de “alto nível” portanto.
Depois do meu Spectrum, o computador que se seguiu não era meu mas de um colega de apartamento; um dia o Leonel comprou um Amstrad sem disco rígido mas com duas drives de disquetes de 5’’ ¼ . Depois comprei eu um Unisys com um disco de 10M – enorme!
Seguiram-se tantos, em casa e no trabalho, não admira a nostalgia e o bom augúrio que este pequeno aparelho tráz…


O que aí virá? GOTO, GOSUB, RANDOM, NEW, NEXT, NEW, NEW…
... NEW
... NEW
... ENTER ...
... RETURN

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Darth Vader?


Ouço na rádio um tipo a falar inglês com sotaque.
O locutor diz que o finlandês tem um programa ambicioso para… para Portugal?
O tipo tem um programa ambicioso, para Portugal? E é finlandês?
Chama-se Olli Rehn… mas porque é que não me sai da cabeça Darth Vader?
Sócrates que se cuide…
Tempos estranhos estes!

Os pés

Os pés são muito importantes porque é em cima deles que as coisas estão e andam.
Digo já que é para falar do estado da nação, para não me virem lembrar as rodas e a levitação.
Agora que pedimos ajuda à Europa e aos Fundos, vão ser feitas muitas contas e muitas auditorias e muitos diagnósticos e muitas coisas…
Depois, ainda antes da ajuda virá um receituário.
É quando virmos em que pé as coisas estão, que vamos conhecer o pé do que os senhores do governo têm dito quando se referem aos motivos porque tivemos de pedir ajuda externa, (a propósito de a mentira ter pé podre).
Vou explicar-me melhor.
Sócrates e os seus subordinados dizem, até à náusea, que tivemos que recorrer à ajuda por causa da rejeição do PEC e consequente crise política desencadeada pela oposição. Os referidos factos teriam levado ao descrédito dos mercados e ao disparar das taxas de juro da dívida, o que não teria deixado margem de manobra aos (aziagos) governantes.
Pedida a ajuda externa, saímos dos mercados por uns anos e durante esses anos e outros que se seguirão ficaremos a cumprir o tal receituário – uma espécie de “óleo de fígado de bacalhau”, mas para meninos obesos e de dentes podres. Se o que levou o país a pedir ajuda foram os motivos evocados, então as medidas que nos serão impostas não serão muito diferentes daquelas a que já nos têm habituado; se não foram assim tão episódicos mas mais antigos, então não há congelamento de reformas de miséria que nos valha! 
Vamos ver as medidas que nos imporão.
Não faltam motivos de vergonha. Já que temos de baixar o olhar, aproveitemos para ver os pés.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Dito 2

     Teia mal urdida requer o melhor tecelão.

Pós de Maio

Por estes dias, já a folhagem nova dos carvalhos vai adiantada.
A norte, o monte do Pilar coberto essencialmente de eucaliptos e pinheiros mantém o verde  todo o ano.


O pólen dos pinheiros, um pó amarelinho muito fino vulgarmente chamado "pó de Maio" e que costuma aparecer em Março, este ano apareceu nos primeiros dias de Abril.
Talvez um dia tudo volte ao seu lugar.

sábado, 2 de abril de 2011

Vaca à chuva

Mesmo que a vaca tussa ou que tussa a vaca.
Mesmo que a vaca não diga nada e que a tussa também não,
Ou até que a tussa tussa ou a vaca vaque.
Vaquem ou tussam, tanto faz que façam ou não!

Mesmo que o mesmo mesme e o não se negue,
que o ou também, ou até que o também diga.
Mesmo que o até ou, ou o ou até, e
o faz que façam também não diga,

Digam o que disserem à chuva ,
ou o que disserem, à chuva –
- Está dito, está dito – Vale o mesmo!
- Diziam e chovia. Se era para a chuva ou não,
a chuva ouviu!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Jasmim, 1 de Abril

     Penamaior
     41º17' Norte    8º25' Oeste
     8h20'
     temperatura do ar 19ºC

          Estado de maturação do jasmim


     Flores abertas aos cachos
     Aroma inebriante com grande poder de migração

Última mensagem da série "Jasmim"