domingo, 31 de julho de 2011

Adaptabilidade


Podia ter-lhe chamado outra coisa, como:
    - Por vias travessas
    - Jogo de cintura
    - Procura
    - Fazer pela vida
    - Caminho
    - Lutar
    - Por linhas tortas
Ou simplesmente:
    - Erva daninha
E é por isso, por esta última possibilidade, que amanhã ela e todas as que estão à volta vão ser cortadas e levadas para compostagem. Nesta altura do ano não se deve fazer queimadas.
Ela ainda não sabe.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O grau

- Dei uma volta para aí de mil graus!
- Deste uma volta de 180 graus, foi isso?
- Qual 180? Dei uma volta de 10000 graus, estás-me a compreender-me?
- É muito grau, pá!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Moral da história


Devo ter integrada em mim toda aquela moralidade implícita nos contos infantis que é suposto terem sido lidos por quem está entre os 40 e os 50. Isso e muitas outras moralidades que o final do século XX português produziu para ser a matéria da comunicação social sob censura, do ensino encarneirado, ou do politicamente correcto que foi ficando até hoje
            Dessa moralidade, e da adquirida no fabulário, nas canções de ninar, nos dizeres do povo, na catequese e no exemplo das tias solteiras e no das casadas, sobrou a criança que fui, pelo lado da circunstância, porque pelo lado do “eu” não tenho o que pensar o que outra coisa poderia ter sido. Cedo decidi deixar a prerrogativa da infantilidade, refiz-me, mas não perdi a memória.
            Estacar feijoeiros fez-me lembrar o conto do João e o feijoeiro mágico. Está muito longe a leitura dessa história, assim como a da Branca de neve e a da Cinderela e a da Princesa e a ervilha, mas sobre estas três últimas confundo muitas passagens e sobre a do feijoeiro mágico tenho-a esbatida mas em estado mais puro. Nunca confundi com nenhuma outra, a história do miúdo estúpido que aplica o provento da venda de uma vaca em feijões mágicos.
            Não devia ouvir a TSF na horta, lá se vai a minha actividade depurante ao ar livre. Estacar feijoeiros a ouvir notícias e a apanhar sol na cabeça, induziu-me uma visão clarificadora e que guardarei como sinopse destes tristes dias:
            - José Sócrates e o feijoeiro mágico. A história é igual à original, só que acaba logo que o moço chega ao topo do feijoeiro, para lá das nuvens. Não se chega a saber o que acontece depois, apenas que a planta é cortada por baixo pela própria pobre e velha mãe, inconformada com o destino dado ao dinheiro da venda da vaca. O moço não devia ter feito aquilo!

terça-feira, 12 de julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Bilhete de Passagem



É um bilhete de passagem.
Dobrado em três, guarda no interior os dados relevantes, por fora tem o timbre da “Companhia Colonial de Navegação” e o dizer “Bilhete de Passagem N.º xxx”
Atento nesse título e ocorre-me a vida, e a morte, pois!
Soneguei os nomes destes viajantes do “Vera Cruz”.
São familiares meus.
Já todos fizeram a última viagem, dessa vez na barca de Caronte  a quem, presumo, pagaram displicentemente com duas moedas fora de uso.
Não ficou descendência.
Restam os corpos em urnas herméticas, expostas, numa construção de pedra lavrada e porta envidraçada sobre a qual diz, morada perpétua de …
É uma passagem.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Submarinos

Os novos submarinos só podem atracar no Alfeite, e depois?
O Arpão e o Tridente são máquinas de guerra e não podem atracar no Cais das Colunas – não poderão assim, embarcar marujos nem desembarcar jornalistas americanos na próxima revolução que houver no Terreiro do Paço!
Custaram mil milhões de euros e não são “canivetes suíços” nem sequer “general purpose”…
Isto nunca foi dito: - As “G3” que a nossa tropa tem usado nunca foram aptas para tiro ao tordo, nem caça à rola, nem ao pombo, nem ao coelho, nem à perdiz, enfim…
Este país tem a imprensa que merece, como tudo!