domingo, 29 de abril de 2012

Pica-Miolos



Máscara africana comprada há muitos anos numa banca de artesanato, nas festas do Mártir S. Sebastião em Freamunde.
Esculpida numa só peça de madeira, tem cerca de 40 cm de altura.
Baptizei-a, ainda antes de pagar ao negro que ma vendeu, de Pica-Miolos.






quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cocktail Tangerine Dream

1 Martini Rosso
1 Tangerina lavada
2 Pedras de gelo

Comece por pôr o Martini num copo de balão grande.
Com uma faca bem afiada extraia a camada superior da casca da tangerina. Evite atingir a camada mais profunda e esbranquiçada. Obtenha assim, uma tira com aproximadamente 1 centímetro de largura, por uns 15 a 20 cm de comprimento.
Vá cortando a casca da tangerina directamente para o balão.
Mexa com uma vareta de vidro e adicione o gelo.

Bons sonhos



Tangerine Dream - Logos, Parts 1 and 2 (Complete)

terça-feira, 24 de abril de 2012

HOP por Ilda Stichini

     Publicidade em Portugal no início dos anos 20 do Séc. XX


          Texto:
Para mim a pasta mais agradavel é a HOP

Ilda Stichini

Mais sobre Ilda Stichini, aqui

A Kora de Toumani Diabaté

... de pai para filho, de pai para filho, de pai para filho...





CLASSICAL MUSIC AFRICA BEAUTIFUL (toumani diabate playing the kora)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Paradigma Perdido

      
     

O reino do sapiens corresponde a uma irrupção maciça da desordem no mundo. O sonho nocturno do homem já se diferencia do dos animais pelo seu carácter desordenado. Jouvet (em publicação) mostra-nos que os sonhos dos gatos são extremamente estereotipados e apenas reproduzem os grandes esquemas genéticos da espécie (80% de sonhos de predação de animais pequenos, 10% de sonhos de defesa contra inimigos mais fortes, 10% de sonhos alimentares). O sonho humano embora polarizado e orientado por obsessões permanentes, prolifera de maneira enovelada e desordenada.
            Além disso, todas as fontes de desregramento que já se assinalaram (regressão dos programas Ngenéticos, ambiguidade entre real e imaginário, proliferações fantásticas, instabilidade psicafectiva, ubris) constituem, por si próprias, fontes permanentes de desordem.
            A ordem está na cultura, na sociedade. E, certamente, a desprogramação genética está ligada à programação sociocultural, ao sistema de normas e de interdições, às regras de organização da sociedade, que sustêm a desordem e lhe sabem dar folga, designadamente nos dias de festa. Mas, logo que entrarmos na era das sociedades instáveis, quer dizer, na era histórica, veremos desencadear-se a ubris e a desordem, os antagonismos internos, as lutas pelo poder, os conflitos exteriores, as destruições, os suplícios, os massacres, as exterminações, a ponto de «o ruido e o furor» constituírem um aspecto principal da história humana.
            Assim, as desordens históricas surgem simultaneamente como a expressão e a resultante de uma desordem sapiental inicial. Contrariamente à crença recebida, existe menos desordem na natureza do que na humanidade. A ordem natural é muito mais fortemente dominada pela homeostasia, pela regulação, pela programação. É a ordem humana que se desenvolve sob o signo da desordem.
           



Edgar Morin, nasceu em Paris a 8 de Julho de 1921
Antropólogo, sociólogo e filósofo francês, judeu de origem sefardita.

A transcrição acima é de:
O Paradigma Perdido – a natureza humana (1973)                         
Publicações Europa-América – Biblioteca Universitária

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Do Arco da Velha 13

Definitivos
Cigarros fracos
Os cigarros que todos definitivamente preferem


... e havia os Provisórios, vulgo "Mata-ratos"!



terça-feira, 17 de abril de 2012

Movimento Perpétuo


            O rapa jogava-se a pinhões por alturas do Natal, geralmente ao serão, com uma braseira por perto e o cão aos pés.
            O pequeno pião manufacturado na oficina do bisavô, terá sido obra de um dos tios mais novos, a explorar a habilidade das pequenas mãos nas pesadas máquinas movidas pelo veio comum que girava continuamente, de uma ponta à outra da oficina. Desse veio provido de polias de diferentes tamanhos, pendiam correias de couro em diferentes estados de desgaste; umas escuras e brilhantes a denunciar as tensões e os atritos suportados, outras ainda com o pelo e com a cor do animal. A polia maior estava na vertical do esmeril – um eixo apoiado em duas grandes chumaceiras com uma pedra de cada lado, uma fina e outra mais grossa. Sobre o torno, a grande e larga roda de quatro raios, presa ao veio por dois parafusos, um de cabeça quadrada e outro de cabeça sextavada, brilhava polida em toda a excepcional largura, que havia de dar para qualquer das três polias – logo três velocidades – que o torno tinha.
            Imagino todos esses movimentos transmitidos ao pequeno cilindro de latão, a deixar-se burilar, fortemente mordido pelas maxilas da enorme bucha, feita para agarrar desde a fina vareta ao grosso toro de metal.
Quando faço girar o pequeno pião revejo no movimento o acto que o criou, é como se estivesse a devolver a vida ao longo e velho veio primordial, que tudo movia, que tudo deu, impelido numa ponta, e disponível a todo o comprimento.
Não foi feito todo de uma vez, com toda a certeza. O bocadinho de metal foi sendo desgastado e acrescentado de cada uma das suas feições em muitos episódios, em tempos roubados à montagem de um pulverizador, à soldadura do corpo interno de um autoclave de esterilização, ao polimento de um passador…, entre os quais ficava a aguardar atenções juntamente com os finos bicos dos aspersores, irmãos nos cuidados requeridos.
Foi feito girar para aferir o equilíbrio e, para concluir, foram-lhe gravadas as letras R, T, D, P. Logo de seguida rodopiou, pela primeira vez inteiro e completo, até que se horizontalizou, imobilizou e disse:
 – Deixa!
Tenho ainda um outro pião que encontrei eu, muitos anos depois de ter sido torneado e fresado, displicentemente adormecido entre bicos de aspersor, num pequeno tabuleiro de madeira, tudo coberto por limalha fina, fuligem do forno de fundição arrefecido há décadas, e pó. Esse pião não rodopia. Dado o impulso próprio, capota desordenado imobilizando-se rapidamente sobre um dos lados que nem sei se é sempre o mesmo ou não. Ele não possui letras gravadas, nem chega a ser um pião – não rodopia – mas também não engana! Dizer que é um pião, é transliterar do passado longínquo a linguagem arranhada pela fuligem do coque, diluída no crepitar do fogo e estalidos de choque térmico, para a vontade de falar sobre o que incorporo do movimento daquele veio e do equilíbrio do meu rapa.



Para ficar a saber tudo sobre o jogo do rapa, aquil

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Conde de Abranhos

            …/…
Quantas vezes me disse o Conde ser este o segredo das Democracias Constitucionais: «Eu, que sou governo, fraco mas hábil, dou aparentemente a soberania ao povo, que é forte e simples. Mas, como a falta de educação o mantém na imbecilidade, e o adormecimento da consciência o amolece na indiferença, faço-o exercer essa soberania em meu proveito… E quanto ao seu proveito… adeus, ó compadre!
            Ponho-lhe na mão uma espada; e ele, baboso, diz: eu sou a Força! Coloco-lhe no regaço uma bolsa, e ele, inchado, afirma: eu sou a fazenda! Ponho-lhe diante do nariz um livro, e ele exclama, de papo: eu sou a Lei! Idiota! Não vê que por trás dele, sou eu, astuto manejador de títeres, quem move os cordéis que prendem a Espada, a Bolsa e o Livro!»
            …/…


Eça de Queirós (José Maria Eça de Queirós)
Póvoa de Varzim, 25/11/1845 - Paris, 16/08/1900
Figura cimeira do romance português, também contista e cronista notável.
O fragmento acima é de "O Conde de Abranhos" - 1925 (póstumo)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

WHOA!

Sinal de trânsito para cavalos.

Traffic Sign (for horses) in Wartrace, Tennessee 1959

Imagem encontrada por aí, na net.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

HOP por Deolinda de Macedo

Publicidade em Portugal no início dos anos 20 do séc.XX


               Texto:
                    - A pasta HOP ?
                   Experimentei-a e deliberei não usar outra.

                                Deolinda de Macedo

Mais sobre Deolinda de Macedo aqui


LAURIE ANDERSON - KOKOKU

Os computadores querem ser tudo, não deixam tempo para nada.
Fujamos deles. Deixemo-los sozinhos a ver se se safam.
Farão ideia do preço da electricidade?
Estúpida invenção do Homem, maior ainda que a da ocupação dos tempos livres; tempos livres!
O tempo que não estou com a minha cadela, perde-o também ela a perseguir os gatos, esses sábios.
As horas que passo agarrado a esta lata, vá lá que encontro aqui bocados do meu passado – a Laurie Anderson, como era bonita; o David Bowie de vestido, o Sting de guerreiro das estrelas…
Será que se chegará a miniaturizar uma coisa destas até que se possa implantar no lugar de um dente do siso?
Eu disse no lugar de um dente do siso e não na pega da chupeta, OK?



Laurie Anderson Official Website aqui

domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa de Jesus


Lua cheia.
É a primeira lua cheia da Primavera – a Páscoa.
A potência ocupante está por todo o lado. Cobra os impostos e mantém a ordem, admite as tradições locais e organiza os jogos.
- Jesus ou Barrabás?
A resposta é sempre a mesma, querem o Barrabás, que é afoito, que se entende, que é um dos nossos...
– Queremos o leite, o mel, e os jogos. Queremos vinho, que pode ser transmutado da água (parece que ainda é melhor) e pedras! Queremos atirar pedras. Temos os nossos direitos e pagamos os nossos impostos. Crucifiquem-no…


terça-feira, 3 de abril de 2012

H.O.P. por Luísa Satanela

           Publicidade em Portugal no início dos anos 20 (Séc. XX)

             Texto:
         
                                 Não uso pastas; no entanto, experimentei a pasta HOP e gostei
                                                                        Luíza Satanella

Mais sobre Luísa Satanela aqui

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Livro de San Michele

           
- Mas Deus, que é Deus de misericórdia, como pode tolerar que estes sofrimentos continuem? – perguntei eu. – Como pode escutar impassível os gritos de angústia?
O velho arcanjo olhou cauteloso à sua roda, com temor de que alguém ouvisse a resposta.
-Deus está velho e cansado – murmurou, como espantado do som das suas próprias palavras – e tem o Coração angustiado. Os que O rodeiam e por Ele velam com infinito amor não têm coragem de perturbar o Seu repouso com essas perpétuas descrições de horrores e de lágrimas. Muitas vezes acorda de um sono de pesadelo e pergunta donde procede esse ruido de trovão que chega aos seus ouvidos e esses relâmpagos que sulcam as trevas. E os que O rodeiam dizem que o trovão é a voz da tempestade empurrando as nuvens e os relâmpagos os seus raios. Então, as pálpebras fatigadas tornam a fechar-se.
- Tanto melhor, venerável arcanjo, tanto melhor! Porque se Seus olhos tivessem visto o que eu vi e Seus ouvidos percebido o que os meus ouviram, o Senhor ter-se-ia arrependido uma vez mais de haver criado o Homem. De novo teria ordenado que se rompessem as fontes do grande abismo para destruir a Humanidade. Desta vez teria destruído até ao último e só deixaria na arca os animais.


Axel Munthe (31/10/1857 – 11/02/1949)
Escritor e psiquiatra sueco, foi também um grande filantropo e defensor dos direitos dos animais. Praticou medicina em Roma e Paris tendo chegado a médico da Família Real sueca.
O excerto acima é d’O Livro de San Michele – 1929

Aulo Gélio sobre Séneca (*)

 Já estou a ficar cansado de Séneca. Ache quem quiser que Séneca merece ser lido e estudado pelos jovens, ele que achou por bem comparar a gravidade e o tom dos autores arcaicos com os leitos de Sotérico, isto é, com moveis destituidos de beleza, já passados de moda, monos de que ninguém gosta. Apesar de tudo, vale a pena citar alguma coisa, pouca, de Séneca digna de menção, como é aquele seu excelente dito dirigido a um avarento, ambicioso até mais não, atormentado pela sede de dinheiro: "Que importam os bens que possuis se muito mais numerosos são aqueles que não possuis?"



(*) Postal "picado" de  Ascensão à Vida da Sabedoria de João Machado