quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Iterações em distanciamento!


          Isto de acabar uma conversa ao telefone, tem sofrido uma grande evolução. As frases com sentido têm sido preteridas em favor de palavras repetidas e gralhar decrescente, a lembrar o efeito de afastamento progressivo.
          Se antigamente se terminava  um telefonema com um com licença, gosto em ouvi-lo, bom fim-de-semana,  obrigado pelo telefonema, até amanhã, um beijo, abraço, cumprimentos à titi (quando a conversa era com a prima), etc., passou a terminar-se o mesmo telefonema com tchau  tchau tchau, tchau tchau, ou, beijo beijo beijo tchau tchau, beijo…, ou, até amanhã até amanhã até amanhã até amanhã…, ou, beijinho linda tchau tchau beijiiiinho beijiiiiinho, quando a conversa era com a prima..
          Acontece-me, de longe a longe, voltar a levantar o auscultador depois de ter terminado uma conversa, e ainda lá estar uma palavra a repetir-se! Pouso o auscultador com muito cuidado ou desligo primeiro com a preciosa ajuda do cauteloso indicador.
          Passei com o olhar pelo meu telefone; assaltou-me a dúvida do que ouviria se o levasse ao ouvido, com quem tinha falado da última vez… Pacificou-me a memória do sinal contínuo - tuuuuuuuuuuuuuuuu...

JMP

 

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