Há um tipo de eleitor percentualmente minoritário e que tem ganho eleições.
Vêem-se muito nos fóruns de opinião, expressam-se com denodada frontalidade e fazem-se crer convencidos que se movem por razões brotadas da própria consciência, mas a todo o momento denunciam obediência cega a razão alheia.
É o português que diz não ser do PS, que afirma ser do PSD, até, que diz que votou PS, ou omite, e prossegue verberando contra os críticos do governo e repercutindo as frases fundamentais da defesa de Sócrates que me coíbo de reproduzir. Nunca deixam de referir a pretensa voracidade do PSD pelo poder, de mostrar apreço pelo desempenho do primeiro-ministro e até alguma compaixão!
Esse eleitor tipo, constitui fundamentalmente o que se chama de “eleitorado flutuante”, que convencido pela torrente de subsídios copiosamente engendrados pelo partido da rosa , o tem privilegiado nas legislativas.
Pela linguagem que utilizam denotam geralmente falta de habilitações literárias, pouca familiaridade com o debate e discussão de ideias e más relações com a leitura – pouco e mal informados, portanto. Logo, susceptíveis à demagogia e facilmente instrumentalizáveis.
Convencem-se pela vitimização e compram-se com benefícios directos.
Calculo, que o designado eleitorado flutuante coincida em grande medida com a massa telespectadora dos “reality shows”. Não com toda essa massa, mas com aquela parte activa nos votos por chamadas de valor acrescentado, e que acaba por vitoriar o participante mais “coitadinho”.
É nas mãos dessa componente do eleitorado que o país tem estado, a ela devendo em parte a situação em que se encontra.
Nas próximas legislativas, um dia, promessas não haverá. Para onde navegarão os flutuantes?
Sulcarão a esteira da vitimização de Sócrates, ou a da vitimização deles próprios, coitadinhos!
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