terça-feira, 25 de setembro de 2012

Love Padlocks




Contrariando a ideia de que as relações actuais são iniciadas para servir o momento, e de que quem vive a paixão o pode muito bem fazer sem se vergar ao desejo do amor eterno, por todo o mundo são deixadas juras públicas de paixão sem fim.
Aos corações atravessados por setas, gravados a canivete nos troncos das árvores, aos “Amo-te Fulana” escritos com um caco, com um marcador, a pincel ou a spray nos muros, aos “Sicrana ama Beltrano” gravados com o dedo na areia molhada, juntou-se o aloquete.
Dizem que poderá ter começado na Rússia ou na China, alastrou por Florença e chegou a Paris. Já está na ponte Luís I.
Algumas edilidades pelo mundo fora já instalaram superfícies aramadas ou árvores metálicas para que sirvam de templo a esses círios apagados, pretendendo conter o fenómeno que acrescenta todos os dias muitos quilogramas a velhas pontes, e também defender as “juras” dos ladrões de metal.
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Protásio e Clementina dormiram juntos pela primeira vez, dentro do saco-cama, numa caixa de areia junto ao Sena, a que se chama praia, em Paris. Deambularam todo o dia pela cidade e ao fim da tarde, a caminho do Quartier Latin, compraram nos vendedores de rua um padlock made in China. Sentados no tabuleiro da Pont des Arts, comeram as fatias de pizza que levavam com eles e antes de abrir a garrafa de vinho, uma zurrapa espanhola, beijaram-se, prenderam o aloquete na rede das guardas da ponte e lançaram a chave às águas. Assim ficaram a beijar-se longamente, quando se levantaram quiseram olhar uma última vez o cadeado que os unia para sempre. Não o conseguiram distinguir; sabiam simplesmente que estava ali, e ali ficaria.



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