“Onde vão parar os dedos mortos dos pianistas”
«Caligrafia dos Sonhos», de Juan Marsé
«Onde vão parar os dedos mortos dos pianistas». pergunta Mingo, aliás Ringo, o rapaz em quem não é difícil encontrar traços autobiográficos de Juan Marsé, o autor deste romance. Ringo trabalha numa joalharia, quer ser pianista e perde um dedo numa máquina, num momento de distração. O infortúnio há-de fazê-lo trocar o sonho da música pela 'caligrafia dos sonhos' que é a literatura.
O pano de fundo é a Barcelona pobre do final dos anos quarenta. Ringo, que tem 15 anos em 1948 (tal como Juan Marsé), é um rapaz «observador, formal e responsável». Passa as tardes a ler na taberna Rosales. É esse o seu miradouro para os dramas da vida, como o da massagista Victoria, depois de lhe ter fugido o homem com quem vivia. Ou talvez ele não vivesse exatamente com ela, mas esse é outro drama que só o final do romance há-de desvendar.
«Caligrafia de Sonhos» é o primeiro romance publicado por Juan Marsé depois de ter sido distinguido em 2008 com o mais importante prémio para a literatura em língua castelhana, o Prémio Cervantes. Um autor de quem António Lobo Antunes diz, no prefácio a este romance, ser «um dos maiores escritores espanhóis vivos, [e acrescenta:] e não digo o maior porque não os li todos».
Livro do Dia: «Caligrafia de Sonhos», de Juan Marsé; tradução de J. Teixeira de Aguilar, edição D. Quixote.
(Texto da TSF)
A propósito de pianistas: Perdeu-se hoje um grande nome da música portuguesa. Julgo que também foi um momento de distracção que pôs termo à vida de Bernardo Sassetti.
ResponderEliminarR.I.P.
Entra-se pelo visor dentro, vai-se pelo enquadramento daquela imagem que se procura, de um lado há números a piscar a vermelho, ou o diafragma está muito pequeno ou a velocidade baixa desaconselha o disparo, mais á direita a sombra no objecto é mais dura, mais á esquerda evito a minha própria sombra, é isto mesmo, vou voar...
EliminarÉ uma perda muito grande, devia ser possível puxar o filme atrás, mesmo que saissem imagens sobrepostas e super-expostas, e que a ultima imagem nem fosse grande arte...
Também estou lixado!