terça-feira, 27 de março de 2012

Carta de Camilo

          Tenho pena de não ter encontrado ainda o n.º da ABC onde foi publicada a carta de Oliveira Martins para Camilo Castelo Branco; seria mais interessante a leitura desta carta de Camilo que é a resposta a essa outra.  Nesta carta Camilo dá continuação à discussão que mantinha com o correspondente sobre a educação dada pelos jesuítas, impõe os seus conhecimentos de historiador e aproveita para dar largas à eloquência.
            Fica então aqui a carta, reproduzida em imagem digital obtida por fotografia por não ser possível submeter o volume, já muito frágil, à mesa de digitalização. Esperando que a imagem se preste à leitura, transcrevo (no final deste postal) o último parágrafo que considero uma jóia, e chamo a atenção para as últimas palavras, uma expressão que anda perdida mas que jamais esquecerei.


          Sentirei muitíssimo que o meu presado Amigo Oliveira Martins se dissaboreasse com esta mansa palestra em que tanto monta sahir victorioso como vencido. Para mim a suprema victoria era entreter-me, gastar uma das horas que me levam arrastandamente para a ultima que sinceramente desejo, na fé de que os jesuítas esperam a minha alma á porta do céo no qual nos encontraremos quando os Fados forem servidos,
            s-c 25-7-84.

                                                           De V. Ex.ª
                                                  Am.º Admirador e Cr.do
C. Castello Branco



3 comentários:

  1. Acho que nunca li tal expressão! Ou se calhar até li e não me preocupei em descortinar o significado! Merece uma pequena pesquisa! :)

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  2. ...e essa mesma pesquisa trouxe-me aqui de volta. Caiu mesmo em total desuso.

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    1. Logo na altura que publiquei o postal, fiz uma pesquisa na net e o melhor que encontrei foi a expressão “servir fados” no sentido de dar fados. No contexto que Camilo diz “… quando os Fados forem servidos” depreendo que será aproximadamente o mesmo que dizer “ no fim”, “no juízo final”, “quando formos à presença do Criador”, ou outra variante qualquer adaptada às convicções e crenças de cada um, ou falta delas. Penso que na segunda metade do Séc. XIX, o fado fosse cantado apenas no final da noite ou da festa, quando se reuniam condições de silêncio e as “libações” já tinham amaciado os espíritos. Noto que escreve “Fados” com letra maiúscula o que privilegiará o sentido de “destinos” ou “sortes”, nessa palavra tão nossa e tão plástica se não mesmo líquida!
      Pode ter sido apenas uma força de expressão, brotada da eloquência de Camilo no momento da escrita, assim como pode ter sido usada mais vezes. Nada como ler o autor…
      Em qualquer caso, penso que podemos usar a expressão, e deixar que quem ouvir pense o que quiser – mal, não faz!

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