Tristes, dobram os sinos a finados,
Pelo meo coração que vai morrer.
Já mal o sinto dentro em mim bater,
Mal lhe escuto os queixumes magoados.
Já Deos lhe perdoou os seos pecados,
Pelo seo muito amar e padecer.
Cansado coração que vai morrer,
Por el’e dobram os sinos a finados.
Nas frias sepulturas dos Poetas,
Dos Artistas, das Almas inquietas,
D’aque’las que o Amor não satisfez,
Abrem alas os mortos socegados,
Porque dobram os sinos a finados,
Por ter chegado, enfim, a minha vez!
Dr. Alfredo Pimenta Autor do «Livro das Chymeras» |
Mãos lyriais de tão delgados dedos,
Como fios de luz crepuscular,
Vinde meos olhos pállidos fechar,
Para que ninguem conheça os meos segredos.
Para que ninguem conheça os meos segredos,
E os olhos me não possa vir fechar,
Fechai-mos, vós, á luz crepuscular,
Quando parecem luz os vossos dedos.
São segredos de amor, os meos segredos…
E é porisso que só os vossos dedos
Devem meos olhos pallidos fechar…
E assim meos olhos só aos vossos dedos
Poderão confiar os meos segredos
Suaves como a luz crepuscular…
(Sonetos extraídos do Livro das Chymeras)
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