Quando leio imprensa do início do Séc. XX vejo-me muitas vezes obrigado a recorrer a dicionários da mesma época. Objectos relativos a acções e gestos que já ninguém realiza, e a artes e ofícios desaparecidos, assim como os nomes desses mesmos actos e ofícios, levam-me a procurar desfazer as dúvidas. A tendência natural de depreender o significado das palavras pelo contexto, conduz muitas vezes ao erro pelo facto de estarmos precisamente fora de um contexto deixado há muito para trás.
Noto que o meu dicionário da língua portuguesa da
livraria Simões Lopes, de 1939, refere a legislação de acordo com a qual foi
publicado – “acordismo” daquele tempo.
Atento nisso e não posso deixar de pensar nos
problemas enormes, que, de forma dispensável e gratuita, fomos arranjar com o
dito “acordo ortográfico” de 1990.
Consulto o meu dicionário, muito bem feitinho para
respeitar o “… acordo celebrado entre a Academia das Ciências de Lisboa e a
Academia Brasileira de Letras” e não posso deixar de pensar que estamos a
falhar onde já outrora falhamos. O que prevalece é bem diferente do que se quer impor, porque o Português é uma língua viva.
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