Palram pega e papagaio
E cacareja a gallinha,
Os ternos pombos arrulham,
Geme a rola innocentinha.
Muge a vaca, berra o toiro,
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo,
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavallo,
Os elephantes dão urros,
A tímida ovelha bala,
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa,
Brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves
Mas pia o mocho agoureiro. (1)
Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar,
Fazem gorjeios ás vezes,
Ás vezes põem-se a chilrar.
O pardal damninho aos campos
Não aprendeu a cantar,
Como os ratos e as dòninhas,
Apenas sabe chiar.
O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho,
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.
Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças,
Pia, pia o pintaínho,
Cucurica e canta o gallo,
Late e gane o cachorrinho.
A vitellinha dá berros,
O cordeirinho balidos,
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animaes:
Nos versos lidos acima
Se encontram em pobre rima
As vozes dos principaes.
Pedro Diniz
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(1) Os antigos tinham entre outros preconceitos o de julgar agoureiro o mocho.
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(Tal como no Livro de Leitura da 2.ª Classe, de José Bartholomeu dos Mártyres – 1907)
Olá, Zé Maria!
ResponderEliminarAprendi esses versos na Primária e ainda me lembro de grande parte das quadras.
A diferença é que o Português não era assim tão arcaico.
Adorei revê-las aqui! E a história da Bela Infanta, também em verso?
Se a não souberes diz, que eu ainda me lembro de cor e trago-ta aqui.:)
Beijinhos.
PS. Também desapareceste como o Luciano?:(
Olá Janita. Esta das vozes dos animais, lembro-me de a ouvir do meu professor da escola primária, dita em tom cantarolado de cima do estrado. A da Bela Infanta, não estou a ver; agradeço que ma tragas.
EliminarNão conto desaparecer tão cedo, mas ando mono. Com o tempo a melhorar pode ser que arrebite :)
Bj.