sexta-feira, 24 de abril de 2015

Canção de embalar




Serra madeira
Da ponte da Beira,
Serrar e marrar,
Cadeirinha de lutar,
S. João pede pão,
E os presos pedem queijo;
Tlim tim tim,
Tlim tim tão,
Vamos embora
Desta prisão.

(Popular)

(Não posso esconder que me faz lembrar o Sócrates!)

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Radio Macau "Cantiga de Amor"

Video: Radio Macau "Cantiga de Amor"



Xana - (Fotografia extraída do vídeo)


Preferias que cantasse noutro tom
Que te pintasse o mundo de outra cor
Que te pusesse aos pés um mundo bom
Que te jurasse amor, o eterno amor

Querias que roubasse ao sete estrelo
A luz que te iluminasse o olhar
Embalar-te nas ondas com desvelo
Levar-te até à lua para dançar

Que a lua está longe e mesmo assim
Dançar podemos sempre, se quiseres
Ou então, se preferires, fica aí
Que ninguém há-de saber o que disseres

Talvez até pudesse dar-te mais
Que tudo o que tu possas desejar
Não te debruces tanto que ainda cais
Não sei se me estás a acompanhar

Que a lua está longe e mesmo assim
Dançar podemos sempre, se quiseres
Ou então, se preferires, fica aí
Que ninguém há-de saber o que disseres

Podia, se quisesses, explicar-te
Sem pressa, tranquila, devagar
E pondo, claro está, modéstia à parte
Uma ou duas coisas, se calhar

Que a lua está longe e mesmo assim
Dançar podemos sempre, se quiseres
Ou então, se preferires, fica aí
Que ninguém há-de saber o que disseres

letra daqui

Hélia





sexta-feira, 17 de abril de 2015

O LOBO E A POEIRA

Para o Sr. António Costa de Lisboa



            O lobo queria roubar um cordeirinho e seguia a direcção contrária ao vento, para que a poeira levantada pelo rebanho o escondesse.
            O cão de guarda porém, avistou-o e disse-lhe:
            -É escusado esconderes-te com a poeira, amigo lobo. Assim arranjarás alguma doença de olhos.
            O lobo respondeu-lhe:
            - Essa é que é a minha desgraça, meu cãozinho; há muito tempo que sofro dos olhos e disseram-me que o pó levantado pelos rebanhos é um bom remédio para a vista.



          (Dedico esta fábula de Tolstói ao Sr. António Costa e a todos os que sofrem com a poeira dos rebanhos)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

As Horas de Sono


Três a quatro horas, se tanto,
Dorme o santo,
Cinco, o estudante,
Seis, o andante,
Sete, o caminhante,
Nove, o que tem desgosto,
E daqui para cima

Dorme o porco.

(popular)

Palavras Difíceis






Duas notas:

O universo das palavras usadas há 50 ou 60 anos não é o mesmo que o das palavras que usamos actualmente.


Uma mesma palavra proferida em momentos que diferem em décadas, pode ter significados substancialmente diferentes.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

beco - lena d'agua & rock'n'roll station






Era de noite, lembro-me bem como se fosse agora e aqui
O frio cortava como navalha e a malta muda e sem se mexer
como as pedras da calçada
Tinhamos vindo ainda há pouco da casa do João na avenida
Tudo bem alto, ninguém sonhava então que ia entrar num beco sem saída

Ele era meu amigo desde os dias de escola
Gostava de brincar comigo aos índios e aos cowboys
E eu sonhava poder vir a ser a sua companheira
Mas o meu herói quis outra heroína
O meu herói quis outra heroína

Estava deitado sobre o meu colo como Jesus ao colo de Maria
Fechou os olhos e eu tive medo de o perder naquela noite fria
A morte veio, e sem dizer nada ele partiu com ela na montada
E eu fiquei rouca de gritar por dentro mas já de nada serviu o lamento

Ele era tão bonito e tocava viola
No grupo lá do bairro que ensaiava na garagem do Zé
A gente costumava ir juntos ver o sol nascer na praia
Mas o meu herói quis outra heroína
O meu herói quis outra heroína


(Letra e música de Luís Pedro Fonseca)
original - Lena d’Água, Terra Prometida, 1986

A letra N


          Continuamos  na aprendizagem da leitura com o mesmo livro do postal anterior - o abc ilustrado - dos princípios dos anos 40 do Séc. XX. 
          Seguem-se mais duas páginas, onde o autor se propõe a arranjar maneira de mnemonizar as letras maiúsculas e as respectivas minúsculas com a ajuda de imagens.
          Chegados à letra N, a figura proposta para que os meninos se lembrem como se faz um n dos grandes, consiste num nicho com uma figura feminina, entaipado (!) e a descrição é:
          - Nicho vedado por uma tábua para evitar que os rapazes andem lá por dentro dele a brincar.



Não brincar no nicho!

abc Ilustrado





          Quantas pessoas se lembram que "A vogal a é um centro fonético donde partem duas séries...", que as invogais ou consoantes as há de valor certo e as de mais de um valor ...
          ...
          Que mais me esqueci de que não preciso? Oh invogais mudas que vos calais, regras sagradas que se rasgam, oh rigores da avaliação do respeito pelo que hoje é e amanhã não!
          Oh palavras -

     "Da palavra que soltas és escravo, a que retens é escrava tua."

(à página 89 do mesmo livro)







Gerês - Maio, 2001






quinta-feira, 2 de abril de 2015

Sobre se Ele Há ou Não


Poema – Ulisses


O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar nas realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.

Fernando Pessoa ortónimo
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