O lobo
queria roubar um cordeirinho e seguia a direcção contrária ao vento, para que a
poeira levantada pelo rebanho o escondesse.
O
cão de guarda porém, avistou-o e disse-lhe:
-É
escusado esconderes-te com a poeira, amigo lobo. Assim arranjarás alguma doença
de olhos.
O
lobo respondeu-lhe:
-
Essa é que é a minha desgraça, meu cãozinho; há muito tempo que sofro dos olhos
e disseram-me que o pó levantado pelos rebanhos é um bom remédio para a vista.
(Dedico esta fábula de Tolstói ao Sr. António Costa
e a todos os que sofrem com a poeira dos rebanhos)
Era de noite, lembro-me bem como se fosse agora e aqui
O frio cortava como navalha e a malta muda e sem se mexer
como as pedras da calçada
Tinhamos vindo ainda há pouco da casa do João na avenida
Tudo bem alto, ninguém sonhava então que ia entrar num beco sem saída
Ele era meu amigo desde os dias de escola
Gostava de brincar comigo aos índios e aos cowboys
E eu sonhava poder vir a ser a sua companheira
Mas o meu herói quis outra heroína
O meu herói quis outra heroína
Estava deitado sobre o meu colo como Jesus ao colo de Maria
Fechou os olhos e eu tive medo de o perder naquela noite fria
A morte veio, e sem dizer nada ele partiu com ela na montada
E eu fiquei rouca de gritar por dentro mas já de nada serviu o lamento
Ele era tão bonito e tocava viola
No grupo lá do bairro que ensaiava na garagem do Zé
A gente costumava ir juntos ver o sol nascer na praia
Mas o meu herói quis outra heroína
O meu herói quis outra heroína
(Letra e música de Luís Pedro Fonseca)
original - Lena d’Água, Terra Prometida, 1986
Continuamos na aprendizagem da leitura com o mesmo livro do postal anterior - o abc ilustrado - dos princípios dos anos 40 do Séc. XX. Seguem-se mais duas páginas, onde o autor se propõe a arranjar maneira de mnemonizar as letras maiúsculas e as respectivas minúsculas com a ajuda de imagens. Chegados à letra N, a figura proposta para que os meninos se lembrem como se faz um n dos grandes, consiste num nicho com uma figura feminina, entaipado (!) e a descrição é: - Nicho vedado por uma tábua para evitar que os rapazes andem lá por dentro dele a brincar.
Quantas pessoas se lembram que "A vogal a é um centro fonético donde partem duas séries...", que as invogais ou consoantes as há de valor certo e as de mais de um valor ...
...
Que mais me esqueci de que não preciso? Oh invogais mudas que vos calais, regras sagradas que se rasgam, oh rigores da avaliação do respeito pelo que hoje é e amanhã não!
Oh palavras -
"Da palavra que soltas és escravo, a que retens é escrava tua."