sexta-feira, 29 de junho de 2012

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Problemas de comunicação

                 
                    Recebi há uns minutos.
                    O que é que está mal?


                    Está tudo mal - falar grátis por 1 euro, a selecção já não está no europeu, etc
                    Assim Portugal não vai lá, nem vai a lado nenhum!


Bichos




quarta-feira, 27 de junho de 2012

Vestidos Negros



           Já aqui tinha trazido a belíssima italiana deko (á direita), leve, alta, um tanto fácil e completamente intuitiva. Hoje voltei a querer estar com ela, tê-la nas mãos e acorda-la. Encontrei-a com a robusta alemã (ao centro), a Ikonta Zeiss Icon, densa, compacta, forte, desdobra-se toda com um simples toque e mostra-se, e fascina.
Vejo-me reflectido nas lentes e nos cromados, babado, feliz, com o sentimento de posse todo desperto.
Sem pudor nem castigo, junto-lhes a inteligente japonesa, a Pentax,  saudosa de 5 anos sem contacto físico nem as intimidades que  trocamos durante anos a fio por esse mundo fora. Tenho-as às três comigo, belas, observadoras, de vestidos negros, minhas.
Não uso mais filmes, não lhes digo. Conduzo-as aos seus aposentos, deixo-as juntas; cá em casa quem usa calças sou eu.




segunda-feira, 25 de junho de 2012

Correio Electrónico 6


 Ora aqui está, a razão principal do nosso problema.

Quando Deus fez o mundo, para que os homens prosperassem decidiu dar-lhes
apenas duas características marcantes que os distinguissem dos demais.
Assim:
- Aos Suíços fê-los estudiosos e respeitadores da lei
- Aos Ingleses, organizados e pontuais.
- Aos Argentinos, chatos e arrogantes
- Aos Japoneses, trabalhadores e disciplinados.
- Aos Italianos, alegres e românticos.
- Aos Franceses, cultos e finos
- Aos Portugueses, inteligentes, honestos e políticos.
O anjo anotou, mas logo em seguida, cheio de humildade e de medo, indagou:
- Senhor, a todos os povos do mundo foram dadas duas virtudes, porém, aos
portugueses foram dadas três! Isto não os fará soberbos em relação aos
demais povos da terra?
- Muito bem observado, bom anjo! Exclamou o Senhor. Isto é verdade!
- Façamos então uma correcção! De agora em diante, os portugueses, povo do
meu coração, manterão estas três virtudes, mas nenhum deles poderá utilizar
mais de duas simultaneamente, como os demais povos!
- Assim, o que for político e honesto, não pode ser inteligente.
- O que for político e inteligente, não pode ser honesto.
- E o que for inteligente e honesto, não pode ser político.!!!!!!

Palavras do Senhor!

ZN

domingo, 24 de junho de 2012

Urgências


                
                    - Como prefere, em 3 ou em 5 dias?
                    - “#$%5&
                    - Pode falar comigo, então
                    - #»?#*ª**ª
                    - Vai ficar um pouco mais caro, mas compensa
                    - =;&$$#?
                    - Não precisa vir cá, não
                    - #$!*+``»%$?
                    - Paga já, o resultado é garantido



sexta-feira, 22 de junho de 2012

Elsa



Elsa Lanchester recreating her starring role in The Bride of Frankenstein


Fotografia captada algures na net.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Para onde foi o dinheiro?


            Estou a tomar café com a minha mulher na cafetaria do centro comercial, aqui da terra, no piso um.
            O jovem casal que acaba de descer do piso de cima, da praça da alimentação (todas as outras lojas, que não o cinema, já fecharam) tomam café ao nosso lado, ele com um palito atrás da orelha, ela a palitar os dentes à descarada!
            Pior, só se o palito fosse o mesmo. O que é que nos aconteceu?
            Para onde foi o dinheiro?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Antonio Aguilar--Cancion mixteca

Dedico esta música aos meus amigos Janita e Luciano em cuja existência acredito piamente já que nunca questionei a autenticidade de nenhum dos dois.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Amor de Cão





Correio Electrónico 5

Impostos :-(


Filminho recebido por correio electrónico, com o comentário:

                         - Já faltou mais...
                            Lá chegaremos... com calma... com paciência... com serenidade...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ouçam

Parcerias Público Privadas




Todos nós queremos respostas.

Quadra

  
     
                              Coração não vivas triste,
                              Vive alegre se pudéres;
                              Que inda te há de vir à mão
                              O Coração que tu queres.



O que se encontra dentro dos livros!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Tísica


Manuel Ribeiro (1878 – 1941)
Escritor, romancista, neo-romântico, um dos da "geração de 70", foi o mais lido em Portugal durante a década de 20 do século passado, e deliberadamente esquecido a partir da década de 40, assunto que motivou investigação e originou tese de doutoramento.


            A tísica


- Eh, ti Chico, bot’ arriba.
            - Anh, grunhiu um vulto enroscado numa das camas do fundo lôbrego da enfermaria.
            - Espichou uma lá em cima, vamos buscar o esquife.
            A morta estava estendida no seu leito de ferro entre as camas muito brancas das outras doentes. Tinham afastado o biombo de que costumavam cercar os agonisantes, e sôbre a mesinha de cabeceira a irmã da caridade improvisára um pequeno altar com seu crucifixo entre dois castiçais acesos. A irmã resava ao lado da morta já vestida e as outras doentes espertadas cochichavam. Errava em toda a enfermaria um ar asfixiante de penitência e de terror, cheio desse mistério impressionanteque a algidez da morte espalha como uma cinza funebre sôbre as almas.
            A irmã Angela, que sabia do meu amor pela pequenina tísica e sempre me afastara dela com a dureza feroz da sua castidade intransigente, tinha-me dito aquela tarde:
            - Entro hoje de ronda, se quizer fique comigo para a velarmos.
            Sabendo que não escaparia dessa noite, a irmã de caridade num intuito verdadeiramente mais cruel de que piedoso, em vez de me afastar, chamara-me para contemplar a agonia dolorosa da pobre rapariga.
            E lembro-me ainda hoje, com terror, dessa lufada tràgica de desespero, de paroxismo febril, que agitou a minha sensibilidade delicada de rapaz, soluçante ao lado da pequena morta, enquanto a irmã Angela numa imobilidade de estatua, espelhava no seu rosto uma intima felicidade satisfeita por vêr mais uma alma largar para o mundo quimérico da sua crença.
            Sempre bôa, carinhosa e docil para o doente, ela via-o partir quando curado, indiferente às suas efusivas manifestações de reconhecimento, ficando-lhe apenas a consciência do cumprimento dum dever imposto.
            Mas era diante da morte que ela se regosijava. Através da sua crença cega, de fanática, eram almas que ela via estrebuchar no exodo final para os anjos e para Deus. Na ânsia de vê-las partir dava-lhes a beijar o crucifixo do seu grande rosário de contas brancas, onde elas se apegassem ao deixarem, suprema libertação, o miserável invólucro, residência temporária no pecado e no sofrimento. A tísica tinha esse rictus de escárneo que mostram as máscaras dos doentes cujas faces emagrecem muito. Os malares salientavam-se-lhe violentamente num tom de marfim velho, apagando-se no circulo roxo das olheiras profundas. Os olhos tinham-se-lhe fechado de per si. Posto que morta havia pouco, tinha adquirido já essa expressão indefinível que a gente vê nos cadáveres que a rigidez inteiriçou, os músculos caídos sem essa tensão que dá a palpitação da vida, as veias deprimidas onde não tumesce já o gorgulho rubrodo sangue, toda a passividade inerte da carne morta, flácida e mole como um trapo.
            O rosto, muito pequeno, não tinha já a figuração quando animado e gazil, e os olhos lhe rejubilavam fulgores vívidos.
            Uma maceração lívida de dor que cresta e padecimento que consome, dava-lhe um ar antigo de noviça que se mumificou nos ascetismos ardentes da fé.
            E luz religiosa das velas bruxeleando ondulações de nave em lausperene, cercando-a duma atmosfera de recolhimento, imprimia-lhe a diafaneidade cerosa das santas, onde como que se vê, como que se palpa essa flutuação do pensamento em que as suas almas andavam vaporizadas.
             Era assim que a irmã da caridade a estava vendo e era assim que eu a via, sugestionado pela convicção imperiosa e dominadora que irradiava da hospitaleira, cuja figura eu temia e respeitava na sua insexualidade entre divina e humana.
            Parecia mais cumprida, ao longo do leito, o busto informe sob o grande roupão deselegante que a irmã na véspera talhára do seu lindo vestido de percal claro.
            Tinham-lhe cortado o cabelo, e a pobrezinha ocultára-me êsse grande desgôsto que a irmã lhe fizera sofrer, metendo-lhe a tesoura na espessa gaforina das suas madeixas louras.

            Havia três meses que havia chegado.
            A entrada na enfermaria daquele bustosinho galante, que não parecia doente, impressionára com um sabor dôce de curiosidade a minha imaginação indiferente à miséria gemida e à dor arrastada por aqueles corredores do hospital.
            Que o hospital era lindo.
            Do lado norte, varandas cintavam o edifício donde a vista descortinava léguas de campina toda semeada de casinhas brancas dos montes.
            Em baixo, as manchas verdes dos jardins, onde as nespereiras alargavam sombras espessas e limoeiros presos às muralhas brancas, como eras, lembravam ermos de retiro conventual.
            Amámos-nos. O que é o amor nessas idades?
            Eram os idílios futeis da meninice. Capelas de rosas brancas que se toucavam na sua cabecita loura, como halos de místicos noivados.

            Tinham chegado os moços com o esquife.
            Um dêles, aconchegando as sandálias da morta, pegou-lhe rudemente nos pés. Instintivamente, repeli o outro e tomei-a com todo o cuidado por debaixo dos braços, encostando-lhe a cabeça contra o meu peito. No esforço que fizemos ao levantá-la, a cabeça pendeu-lhe para trás, e através das pálpebras , contra a luz, eu vi num fiosito claro, como que um resto de vida, as córneas embaciadas dos seus olhos, onde se não esmaltavam já as radiosas alucinações da febre.
            Colocámo-la como uma grande pétala branca dentro do esquife. Cobrimo-la com o pano negro de veludo. Depois os homens pegando nos braços da tumba puzeram-se a caminho, ao mesmo tempo que eu sentia em todo o meu ser êsse despedaçamento estrangulador das separações. A irmã Angelica colocára-se ao lado do féretro com uma vela acesa. E eu seguia os dois homens no seu passo rítmico ao longo dos corredores, vendo as suas sombras amplificarem-se nas paredes alvas. E sentia uma angustia desesperadora ao pensar que não era já nada naquele cadáver que êles levavam, que era agora deles, e uma espécie de ciume louco e de raiva impotente confrangia o meu coração diante daquele egoismo, da indiferença daquelas pequeninas mãos que se tinham erguido para mim em todas as suas crises de sofrimento da indolência  do seu ser que fremira a tão delicadas sensibilidades e onde eu ainda via a condensação de todos os meus desejos e a alma que eu amara no seu corpo.
            Era a materialidade do meu amor que eu ali procurava, a docilidade do seu espírito convergindo para mim em todas as suas voluntariedades.
            Nas outras enfermarias percebiam-se êsses gemidos abafados da insónia, quando a alma erra pelas alucinações trágicas de nevrose. Sentia-se a agitação dos corpos minados pela doença, que não se revoltam e já não gritam, lassos, envolvendo os nervos numa bainha de indiferença.
            Descemos a escadaria do andar nobre, demos a volta do claustro para onde abriam arcadas que recortavam no alto sectores de céu azul picado de estrêlas e desembocamos enfim no jardim todo cheio de sombra sob a grande solidão da noite fria.
            O depósito era ao fundo num dos recantos do jardim, encostado às paredes da capela do hospital.
            Um dos moços abriu uma cancela de ferro e depois a porta, saindo lá de dentro um bafio a cêra queimada e ar viciado. Sôbre uma banca, envolto numa toalha de linho, a tristeza lívida dum Cristo olhando para a terra com o desalento dos grandes desditosos, ao lado, a mesa das autópsias, esquifes empilhados e um rumor surdo dos limoeiros rapando nas rótulas das janelas. Cá fora a scintilação trémula das estrelas e o silêncio enchendo o grande vácuo da noite…

Manuel Ribeiro

Publicado em:
ABC – Lisboa, 16 de Novembro de 1922
Ano III – n.º 122


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Dandelion Wine

      
          A CIDADE FANTÁSTICA

            - Tom – disse Douglas -, promete-me uma coisa, está bem?
            - Prometo. Mas o quê?
            - Embora sejas meu irmão e eu, por vezes, te odeie, conserva-te perto de mim, está bem?
            - Queres dizer que me deixas ir contigo e com os outros rapazes mais crescidos nos vossos passeios?
            - Bem… claro… até isso. O que eu quero dizer é que te não vás embora, hein? Não te deixes atropelar pelos automóveis, não caias de nenhum rochedo.
            - Está claro que não! Mas afinal quem julgas tu que eu sou?
            - Porque mesmo que as coisas corram pelo pior e mesmo que ambos sejamos já muito velhos… assim com uns quarenta ou quarenta e cinco anos, um dia… podemos arranjar uma mina de ouro no Oeste e podemos ficar por lá a fumar barbas de milho e a deixar crescer as barbas.
            - A deixar crescer as barbas! Ena!
            - Como te digo, conserva-te perto e não deixes que te aconteça nada.
            - Podes contar comigo – disse Tom.
            - Eu não me preocupo contigo – disse Douglas. – Preocupo-me é com a maneira como Deus governa o mundo.
            Tom ficou a pensar nisto por momentos.
            - Mas ele está certo, Doug – disse Tom. – Pelo menos tenta.

       
            Ray Bradbury – Escritor, mestre em ficção científica
            22/08/1920 - 05/06/2012

            O excerto acima é do livro A CIDADE FANTÁSTICA
            Título original: Dandelion Wine
            1957
            Editorial Caminho 1986



terça-feira, 5 de junho de 2012

Portugal, Portugal

Ainda estava eu a ressacar da cobertura noticiosa da partida da selecção nacional para o EURO 2012, quando fui atingido por uma notícia mesmo no sítio onde me nasce o senso.
Ontem vi o autocarro da selecção a chegar ao aeroporto, um jornalista atarefado por arrancar mais umas palavrinhas salvíficas aos jogadores todos enfatuados, muito escarafunchosos nas suas cabecinhas contidas entre grandes headphones. Depois, vi o avião a descolar, e entretanto, o tanto que se disse… A palavra Portugal saía a cada dez segundos, entre “os nossos heróis”, Portugal, Portugal, e a bandeira plasmada em todos os suportes, em tantas caras, nas roupas, no avião alvo e penetrante a subir ao céu. Os noticiários abriram com a notícia de que “os nossos heróis” já tinham partido, já voavam, por aquela hora atravessavam pujantemente as alturas, Portugal lá ia, todos nós com o cinto posto enquanto não se apagarem os sinais de luz A repetição da descolagem e Portugal, Portugal, é Portugal, somos nós a dez mil metros de altitude, a novecentos e cinquenta à hora, a temperatura exterior é de menos oito e quando aterrarmos espera-nos a noite e tempo fresco, Portugal. Há um gajo com o microfone na mão – já lá está! Está à espera que o avião aterre; é Portugal a receber Portugal enquanto Portugal espera, e crê, e ama, e sofre Portugal.
 Notícia de última hora, o avião vai aterrar. É de noite fechada mas um potente foco rasga tudo e cresce, cresce… Cresce Portugal, e aterra.
Ainda ressacava da noite mal dormida, da insónia povoada de pessoas com a cara desfigurada por vermelho e verde, de joelhos no chão molhado por lágrimas copiosas. Gritam e batem com as mãos no peito. Das bocas com os dentes por tratar sai Portugal, Portugal… É Portugal a rebentar os joelhos no asfalto, a rebentar o peito com sentimentos vendidos em kit no Continente, a rebentar a boca com refrigerantes gaseificados, açucarados, coloridos, é Portugal.
Ainda ressacava, e ouço que as brigadas da GNR e da polícia que mandam parar os carros, poderão ter a cooperação de um agente das finanças para reter as viaturas de quem tiver dívidas ao fisco. Ao mesmo Estado que nunca paga a horas e gasta à tripa-forra, sobra-lhe para pagar a quem nos trave a marcha, nos tire da estrada com um gesto resoluto e nos lembre do que fizemos de Portugal.
Ai Portugal, Portugal  £#?%$'"@?????

Jorge Palma | Portugal, Portugal

sábado, 2 de junho de 2012

Dito 30


O casaco:
O casaco é a peça de roupa que as crianças devem vestir quando a mãe tem frio.