sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tragédia Grega





Agora, sempre que falarmos em Tragédia Grega, será dúbia a nossa intenção.
Se tentarmos esclarecer, serão chamados à conversa fantasmas vários, mascarados, palavrosos e indiscretos, que apontarão com um dedo lasso uma galeria de espelhos nada planos.
Agora, quando falarmos em Tragédia Grega, será bom ter havido um preâmbulo cuidado, com muito detalhe e descrição. Poderá não ser demais aludir os elementos essenciais, da hybris à Katharsis.
O nosso interlocutor deve ter sido posto, gentil e cuidadosamente lá longe no tempo, no meio dos deuses e das histórias contadas, onde todas as personagens usam naturalmente máscara.
Quando ouvirmos falar na Grécia, um outro manto, a borratar o diáfano, não nos deixará ver só estátuas, deuses, colunas, corpos e barcos. Não serão só brumas da memória; uma incerta tela de estranha fibra nos confundirá os espelhos das lanternas e lançará sombras nas nossas palavras.
Uma tragédia!


JMP

2 comentários:

  1. Olá, Zé! Gostei imenso do texto! Senti desencanto, bruma(s)e algo de premonitório! Enfim, é a crise!

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  2. Pois é. É de desencanto que se trata; não poderemos mais falar de Tragédia Grega sendo disso que queremos falar. No "mundo pós-magalhães" quando dissermos "Tragédia Grega" estaremos a falar de "circo", ou de circo mesmo, sem comas, nem nada! É a crise, minha irmã, a económica, e a outra.

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