quarta-feira, 29 de junho de 2011

Do arco da velha 3

C.M.F DEKO
APLANATIC F:10.5
Cameras ManuFacturers
A.Bencini - Milano


Sensação estranha, esta de apontar a minha OLYMPUS de 12 Megapixel à elegante DEKO, que nunca usei!
Por várias vezes tive a impressão de ver movimentos no obturador da italiana enquanto se reflectiam mutuamente nas lentes.
Ambas belas, negras com apontamentos cromados, leves e muito femininas.

domingo, 19 de junho de 2011

Saramago

Jogaste desde novo pelos da cor do sangue, depois vieram os das vestes douradas e deram-te a mão, talvez para que eles mesmo mostrassem a tua cor no contexto deles.
Tu José, lá foste, e fizeste a vénia. Recebeste o ouro e os louros e ficaste grande. Assim do alto, as tuas palavras foram ainda mais longe, e as tuas dúvidas, e as tuas indignações, e as tuas ofensas.
Mas não foste todo, não! A parte dura manteve-se agarrada à terra, ao chão, à cor do sangue mesmo quando a confraria usa já opas doutra cor.
Dourado o ídolo fica-lhe na boca o vago, cavo – só se doura por fora
Assim que partiste voltaram os douradores, vieram os das artes, os das leis, os do circo, os embalsamadores, todos os funcionários do registo civil, antigas vestais, todos os secretários gerais.
Quem faltou foi notado.
È agora que te douram por dentro?
Longas exéquias se adivinham, o pó ao pó, as cinzas às cinzas, mas não é disso que se fala,
não se fala de coisas do tempo quando se fala de ti, José.
Deste-te não sabes a quê nem a quem e agora estás nas mão deles.
Terás o teu altar.
Terás o teu dia.
Terás a tua segunda vinda.
Enxertaram-te numa árvore e levaram-te à praça.
Vais ser publicado em folhas vivas, José.
Haverá ramos de oliveira cujas folhas são as tuas, és tu.
Tu, a ser comido e bebido, julgado e esmagado pela gentalha sedenta,
não de letras, José, de suplícios.
E se uma pomba, um dia, trouxer no bico um ramo de ti, significará isso que encontrou terra firme? Ou que entrada pela boca do Tejo, tenha a barca à deriva encontrado só Lisboa?
Como será ser tanta metáfora dos livros que te atormentam?
Guarda um lugar para mim aí, que eu também hei-de ir.
Se tenho preferência? À direita do Pai, José

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Maria

Ora, muito bem!
Pneus revistos, vela nova, depósito cheio.
Já tinha saudade deste cheiro do combustível de mistura.
Vamos lá…
Ergonómicamente  muito boa; costas verticais e mãos á largura dos ombros.
Assento com dureza certa, pés assentes em plataformas grandes que permitem uma grande amplitude de movimentos.


Roam-se de inveja.
 (Espero que não avarie)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sabia que...

Que pode andar a conduzir com a carta caducada sem o saber, enquanto os alemães começam a concluir que as bactérias estão por todo o lado, mesmo na Alemanha?
Que os belgas estão sem governo há mais de um ano, sentem-se melhor governados assim e que têm uma dívida quase como a da França ou a de Espanha, ou até a nossa? E que o PS a partir de agora vai ser um partido responsável?
Sabia que mesmo aquilo que se sabe, se não for falado, é como não se passasse, não existisse, não se soubesse, nada, nada… e que os Estados Unidos da América têm o problema da dívida em resolução, tal é a capacidade de imprimir notas de banco?
Que na minha ainda curta (?) vida, o ouro já foi uma referência, já o deixou de ser, já voltou a ser e eu não sou propriamente uma anta, nem imortal, nem vampiro nem…
E agora, uma muito estúpida – Sabia que os habitantes da proximidade das cataratas do Niágara têm a testa para dentro, por todos os dias acordarem em sobressalto a perguntar que barulho é aquele, depois batem com a mão na testa – São as cataratas!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fotomatom

Abílio Bessa Pereira de Castro (1898-1994), conhecido por Sr. Bessa, Bessinha para os amigos, foi casado com a minha tia Engrácia, irmã da minha avó Isaurinha.
Depois de uma vida empresarial cheia, e com um mau desfecho, emigrou para a Venezuela onde viveu até muito velho.
Em Portugal ficou a esposa, destroçada pela morte do filho de ambos vítima da tuberculose.
Já quase octogenário, voltou com tanto como quando partiu, tudo em duas malas velhas cheias de roupa puída e alguns brindes publicitários.
Conheci-o assim muito tarde, muito velho, ele, e com pouco tempo, eu.
Tenho pena, agora.
Quem se fotografou assim, teria com certeza muitas coisas para contar.  








quinta-feira, 9 de junho de 2011

Carapaça

Nestes estranhos dias, em que aqueles que fazem as leis se debatem com a forma de as cumprir, lutam com os prazos, temem as multas sem saber como as evitar, clamam por uma melhor justiça e não querem encontrar culpados, recolho-me.
Ouvir os que se arrogam de bons para fazer as leis, a dizer coisas que fazem reconhecer a maior dignidade nos parvos e destituídos, pode até ensinar alguma coisa, mas fere.
Saber que quem estragou tudo ainda lá está para fazer tudo de novo, se for preciso, despoleta mecanismos primevos de auto-defesa.
Não posso ir à praça buscar consensos, a praça está suja e há pessoas a dormir pelas bordas.
Fecho o portão da rua, dou de comer às galinhas e levo para dentro o gato.
Em Junho as plantas consomem muita água. Vão ver se não têm plantas em casa com sede, e já agora, é uma boa altura para escovar os gatos, não engolem tanto pêlo e ficam mais macios.
Tenham uns bons dias.